domingo, 28 de setembro de 2014

VITAMINA C NÃO SERVE PARA GRIPES E RESFRIADOS



Poucas coisas despertaram a imaginação e as esperanças do público em matéria de nutrição tanto quanto em 1970 o livro de Linus Pauling, a vitamina C e o resfriado comum. A reivindicação principal do livro é que tomar um grama (1.000 mg) de vitamina C diariamente reduziria a incidência de resfriados em 45% para a maioria das pessoas, mas que algumas pessoas podem precisar de quantidades muito maiores. É recomendado que se os sintomas de um resfriado que começar, você deve tomar 500 ou 1.000 mg a cada hora por várias horas - ou de 4 a 10 gramas por dia se os sintomas não desaparecerem com quantidades menores.
 

Sem dúvida, a publicação deste livro, combinado com o prestígio e a reputação de Pauling como um cientista ganhador do Prêmio Nobel, tornou a vitamina C um best-seller. Quando sua teoria foi anunciada, milhões de americanos correram para experimentar por si próprios. A segunda edição do livro, publicada em 1976, como a vitamina C, o resfriado comum e a gripe, sugeriu doses ainda mais elevadas.

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Com o passar dos anos diversos estudos foram feitos para tentar comprovar, ou não, se a teoria de Linus Pauling estaria correta.Praticamente todos os artigos publicados indicam que a vitamina C não previne gripes e resfriados, e praticamente não ameniza, ou ameniza muito pouco, os sintomas dessas doenças virais com uma dosagem bem menor (mais de 10x menos) do que a que Linus propunha.  Para conseguir essa quantidade  bem menor que a proposta por Pauling (cerca de 250mg de vitamina C) não é necessário utilizar suplementação alimentar, já que as frutas cítricas são excelentes fontes dessa vitamina. 

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Existe um instituto fundado por Pauling para que sua teoria fosse pesquisada e levada adiante, sendo que atualmente, o próprio instituto dele afirma que sua teoria não estava correta. Segue abaixo um documentário da BBC onde o Diretor do instituto Linus Pauling fala sobre a Teoria do uso da vitamina C:




Abaixo segue uma tabela sobre quais as reais indicações para a vitamina C, retirada do artigo: Vitamina C: seis problemas em busca de uma solução, excelente texto em português sobre o assunto escrito pela médica Lenita Wannmacher:



Referências


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  2. Pauling L: Vitamin C, the Common Cold and the Flu. San Francisco: WH Freeman, 1976.
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DIETAS HIPERPROTÉICAS NÃO CAUSAM DANOS AOS RINS

É muito comum na atualidade o aparecimento de dietas de todos os tipos, que visam à diminuição da gordura corporal e aumento da massa muscular. A dieta que exige uma alta ingestão de proteínas, ou dieta hiperprotéica é uma delas.


Volta e meia na mídia, seja na TV, jornais ou internet, diversos profissionais da área de saúde, principalmente nutricionistas, afirmam com veemência que a dieta hiperprotéica pode causar danos aos rins a longo prazo.
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Diferente da opinião desses especialistas ou "Experts" em dietas e nutrição, as evidências científicas atuais não mostram tal correlação. O que se sabe, a partir dos bons estudos e de suas revisões é que, indivíduos que já possuam problemas renais devem sim evitar dietas com muita proteína, mas em pessoas saudáveis, sem nenhum comprometimento renal, a dieta hiperproteica não gera dano aos rins.


Ainda existem estudos como o Protein-enriched meal replacements do not adversely affect liver, kidney or bone density: an outpatient randomized controlled Trial, que afirmam que essa dieta não causa danos renais, nem hepáticos, nem comprometimento com a densidade óssea.


Cada tipo de dieta poderá implicar sim em algum problema à saúde, caso não seja bem feita e nem haja um acompanhamento de profissional qualificado. A dieta hiperprotéica não é isenta de males, mas este caso em especial, o suposto malefício aos rins saudáveis parece não ser suportado pelos estudos. Alguns profissionais insistem em dizer que esses danos ocorrem, mas apenas a opinião deles não vale, e nem relato de casos (um ou dois casos de conhecidos, sem um bom controle de observação não vão superar os milhares de pacientes estudados nas revisões sistemáticas, onde a observação é bem controlada). A argumentação baseada em estudos deverá existir, e caso algum profissional conteste nossa matéria com uma boa argumentação científica, estaremos de acordo em mudar nosso texto sobre esse tema.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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