Várias empresas
estampam nas embalagens de seus produtos os nomes óxido nítrico (nitric oxide, em inglês) ou NO, abreviação do nome da substância.
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Isso induz ao consumidor a achar que realmente o produto que
ele está a usar seria mesmo o óxido nítrico. Mas, infelizmente essa não é a
realidade. O óxido nítrico é uma pequena molécula que participa de diversos
processos metabólicos em nosso corpo, e seu estado físico é o gasoso. Portanto,
é impossível se usar suplementação de NO, pois este é um gás. O que é
encontrado na maioria desses suplementos é uma substância formadora do NO, o
aminoácido L-arginina, ou também o aminoácido citrulina que participa do
processo de formação de NO.
Alguns produtos possuem o nome do aminoácido inserido na
embalagem, mas mesmo assim de tal forma que o nome não possua muito destaque. A
palavra óxido nítrico provavelmente atrai mais as atenções, e alguns consumidores,
sem conhecimento profundo, podem pesquisar sobre o NO e passar despercebidos
pelo alerta de seu estado gasoso, observando apenas seus efeitos vasculares, e
realmente acreditando que possam estar usando óxido nítrico na suplementação.
Sobre os efeitos do óxido nítrico no nosso corpo, ele
realmente é um vasodilatador. Ou seja, ele aumenta a capacidade do vaso
sanguíneo para se encher de sangue, motivo pelo qual é utilizado pelos
esportistas, que acreditam que esse efeito irá reter mais sangue no músculo,
aumentando sua força e tamanho. Mas o
óxido nítrico possui várias funções além desta, e também possui potencial
tóxico. Abaixo segue uma tabela com efeitos do NO:
Fonte: Óxido
nítrico: o simples mensageiro percorrendo a complexidade. Metabolismo, síntese
e funções.(Filho, RF et al 2000).
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Portanto, aumentar
a concentração do NO em nosso corpo, poderia não ser tão benéfica quanto a indústria
de suplementos promete. São vários efeitos, e existe o risco de toxicidade. Mas
será que realmente a suplementação com L- arginina aumenta os níveis de NO em
nosso corpo?
Segundo o Dr. Paulo Gentil (GEASE):
A disponibilidade de
arginina não é limitante para a reação da NOS, pois a quantidade de arginina
normalmente disponível no organismo excede em milhares de vezes a quantidade
necessária para que as reações de síntese de NO aconteçam (Loscalzo, 2000). De
fato, estudos recentes revelam que a suplementação de arginina não promove
aumentos na produção de óxido nítrico, além de não influenciar a performance
nem o metabolismo durante o exercício (Liu et al., 2008), sendo que resultados
similares já haviam sido obtidos anteriormente (Wennmalm et al., 1995).
O estudo de revisão de Angeli (2007) afirma que:
A administração oral de 3g/dia de L-arginina parece
potencializar
os efeitos do treinamento com pesos, proporcionando maior
ganho de força e massa muscular e contribuindo para a diminuição
do percentual de gordura corporal.
Já o artigo de revisão de
Nicastro (2008), e a dissertação de mestrado de Borges (2009) não confirmam as evidências de melhora na força e
aumento de massa muscular com a suplementação de L-Arginina.
Análise de sites
especializados em revisões de artigos e avaliação da qualidade da evidência:
Mayo Clinic:
Classifica uso de L-Arginina como nível C de evidência (Não está clara a evidência para uso dessa substancia)
Medline: Evidência
insuficiente (Há evidências
inconsistentes sobre os efeitos da L-arginina sobre o desempenho de exercício. Algumas evidências mostram que tomar 6
gramas de L-arginina em uma bebida aumenta o tempo de exercício. No entanto, outras evidências sugerem
que tomar L-arginina, por si só ou em conjunto com antioxidantes (Niteworks,
Herbalife International, Inc), não melhora o desempenho em ciclistas do sexo
masculino.).
Conclusões
Devido à falta de
evidências que comprovam a eficácia do uso de L-arginina, o seu uso ainda é
contraditório e inconsistente. O que nos resta é esperar para que mais artigos
sejam feitos para melhor averiguação de seu uso.
Referências:
ANGELI, Gerseli et al . Investigação dos efeitos da suplementação oral
de arginina no aumento de força e massa muscular. Rev Bras Med Esporte,
Niterói , v. 13, n. 2, p. 129-132, Apr. 2007
H.
NICASTRO, et al . A suplementação de L-arginina
promove implicações
ergogênicas no exercício físico?Evidências e considerações
metabólicas R. bras. Ci. e Mov. 2008; 16(1): 115-122
Medline in : http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/druginfo/natural/875.html