quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Ômega 3: Não há certeza de benefícios cardiovasculares e nem diferenças entre suas fontes


Nos últimos anos, o ômega 3 tornou-se um dos suplementos mais utilizados, ocupando posição central nas discussões sobre saúde em diversos contextos. Médicos, comunicadores e pessoas de diferentes perfis exaltam os notáveis benefícios associados ao seu consumo, frequentemente considerado um verdadeiro aliado no cuidado e na prevenção de problemas cardiovasculares. Além dos benefícios cardiovasculares frequentemente atribuídos ao ômega 3, destaca-se nos relatos outro aspecto relevante: a origem desse nutriente. Surge, então, a questão de qual fonte seria mais confiável. Alguns especialistas defendem que apenas as fontes de origem animal, especialmente aquelas provenientes de peixes que habitam águas profundas, são adequadas. Segundo essa perspectiva, óleos de peixes criados em ambientes artificiais ou derivados de vegetais não teriam a mesma eficácia.

https://food.ndtv.com/health/fish-oil-boosts-brain-functioning-improves-mood-1466529

http://premierpescados.com.br/6-curiosidades-sobre-o-salmao/


Mas e o que a ciência de verdade diz sobre isso? Pelo visto, na pratica está bem longe de ser o que os propagandistas do suplemento falam.

Para quem é leigo no assunto, irei postar aqui um artigo de uma das instituições mais renomadas no mundo: A COCHRANE.  A Cochrane elabora revisões sistemáticas, que são revisões de artigos científicos de alta qualidade, para que possamos saber qual a melhor evidência sobre determinado assunto. É o que chamamos de padrão ouro na medicina. E o que a cochrane conclui sobre o Ômega 3? Vejamos abaixo:

Conclusões dos autores (original aqui):

Não está claro que as gorduras alimentares ou suplementos de ômega 3 alterem a mortalidade total, eventos cardiovasculares combinados, ou câncer em pessoas com  alto risco de doença cardiovascular ou na população em geral. Não há provas de que devemos aconselhar as pessoas a parar de ter fontes ricas em gorduras ômega 3, mas são necessários ensaios de alta qualidade para confirmar sugestões de um efeito protetor das gorduras ômega 3 sobre a saúde cardiovascular. ”

Não há evidências claras de que as gorduras ômega 3 diferem em eficácia de acordo com fontes de peixes ou plantas, fontes dietéticas ou suplementares, dose ou presença de placebo.


Em outras palavras, ninguém pode afirmar, com base nos melhores artigos científicos que Omega 3 previne doenças cardíacas. Ainda faltam estudos melhores para isso ser confirmado. E nem as fontes de Omega, vindo de diferentes lugares, parecem ter feitos diferentes.


Uma indicação robusta, com alta evidencia para se usar o ômega 3 é na redução de elevados níveis de triglicérides, como mostrado abaixo:

https://examine.com/supplements/fish-oil/#hem-triglycerides

Para maiores esclarecimentos sobre as indicações do Ômega 3 e sobre a qualidade dessas indicações (muitas delas talvez sejam boas e ainda não comprovadas e outras ruins) fica a dica de dois sites escritos em inglês:



Um comentário:

  1. Não vou parar de comer salmão, mas já sabendo que não é alimento milagroso.

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