Enquanto navegava pela internet, meio sem rumo, me deparei com algo que realmente me chamou a atenção. Entre tantas notícias e informações, encontrei algumas matérias – poucas, devo dizer – sobre a conclusão de um estudo iniciado há quatro anos atrás, falando sobre a cloroquina e a hidroxicloroquina na prevenção contra a COVID-19. Confesso que fiquei intrigado, afinal, esses medicamentos foram alvos de um debate acalorado durante a pandemia. Resolvi abrir o estudo para conferir os detalhes e, para minha surpresa, o resultado recente traz evidências surpreendentes. Claro, não poderia deixar de compartilhar isso aqui no blog, afinal, até eu mesmo achava que essas drogas não tinham evidência alguma para prevenir a covid. Então, irei citar aqui, o texto de uma excelente matéria do jornal nexo, e resumi-la para meus leitores:
Ninguém mais esperava que isso fosse acontecer em pleno 2024. Mas no dia 12 de setembro foi publicado o maior estudo já realizado sobre profilaxia farmacológica de covid-19. Capitaneado pelo Centro de Medicina Tropical e Saúde Global da Universidade de Oxford, o COPCOV reuniu mais de 70 autores e 26 centros médicos em 11 países e três continentes para testar o efeito da hidroxicloroquina e da cloroquina – sim, elas mesmas – na prevenção da doença em indivíduos não vacinados em risco de contágio.
Iniciado em abril de 2020 e conduzido aos trancos e barrancos em meio a um campo minado de polêmicas até março de 2022, o estudo, randomizado e duplo-cego, reuniu 4.652 participantes não vacinados – número bem inferior ao inicialmente planejado – antes de ser encerrado. Ainda assim, só foi publicado na revista PLoS Medicine mais de dois anos mais tarde, depois de um ano inteiro enfrentando o processo de revisão por pares.
Os resultados? O grupo tratado com hidroxicloroquina (na Europa e na África) ou cloroquina (na Ásia) teve uma prevalência 15% menor de infecções confirmadas do que o grupo tratado com placebo após três meses de seguimento – um resultado que bateu na trave dos limiares costumeiramente usados de significância estatística. Entre os desfechos secundários, a profilaxia esteve associada com diminuições mais robustas de 39% em infecções confirmadas por PCR e de 13% nos dias de trabalho perdidos por doença, mas não na prevalência de infecções assintomáticas ou na severidade de sintomas. Tampouco levou a um aumento de efeitos adversos graves, cuja incidência foi inclusive maior no grupo placebo.Ainda que os resultados sejam modestos, eles são bastante compatíveis com a evidência agregada dos estudos anteriores – que como já indicava uma metanálise publicada em 2022 e analisada por essa coluna na época – apontavam para um benefício dessa magnitude. Uma análise atualizada incluindo o COPCOV feita pelos próprios autores do trabalho estima uma redução de 20% na chance de infecções com a profilaxia, com uma concordância notável entre os estudos incluídos e um intervalo de confiança de 95% do efeito – a popular “margem de erro” das pesquisas eleitorais.
Ninguém vai dar moral a isso não já que publicar para a população seria afirmar que Bolsonaro tinha razão.
ResponderExcluirindependente da parte politica deveria ser divulgado sim
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